Aqui você encontrará todos os motivos que desencadearam a greve dos profissionais da Educação Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Poderá averiguar também as mentiras e o descaso com que o governo vem tratando a Educação Pública.
Investimento em educação:
Sabemos que a constituição obriga os Gov. Estaduais e Municipais a investir no mínimo 25% de sua receita em Educação, sendo assim, temos que saber se o Estado está investindo somente o mínimo ou está investindo mais que o mínimo. Como exemplo, o Paraná investe 30%. Ou seja, mesmo o RJ estando na penúltima posição no IDEB e no ENEM, o Estado continua investindo somente 25% em Educação, ou seja, o mínimo.
Tem outro detalhe, quanto dos 25% que o Estado investe em Educação é realmente investido em Educação? As terceirizações são investimentos em Educação? Os alugueis de ar condicionados e PC's são investimentos em Educação? Esse valor na prática certamente é menor que 25%.
Ano passado o Estado teve superávit de R$3,14 Bilhões.
Fonte: http://www.ioerj.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=149
Conexão educação: Trabalho em dobro!
Embora seja apresentado um discurso de valorização dos profissionais da educação, na prática, os novos recursos tecnológicos acabaram por ampliar o esforço dos profissionais. "Houve uma sobrecarga de trabalho durante o governo Cabral e também uma tomada de consciência por parte dos professores de que essa sobrecarga não vinha acompanhada da devida valorização profissional.
Os Professores tem obrigação de lançar as notas e conteúdos nos diários de papel e agora também no sistema Conexão educação na internet mas faltam computadores e modem para professores novos na rede que acabam se prejudicando pois tem que procurar um computador com internet para realizar esse trabalho.
Terceirização e mais terceirização:
Terceirizados nas escolas estaduais do Rio de Janeiro custam o dobro dos concursados
Publicada em 19/07/2011 às 13h03m
Matheus Vieira (matheus.vieira@extra.inf.br)
RIO - A rede estadual de ensino conta com 13 mil trabalhadores terceirizados. São faxineiros, vigias e merendeiras. Para a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (Alerj), eles custam mais ao estado (R$ 1.300 cada) do que os concursados nestes mesmos setores (que ganham salário inferior a R$ 550).
A Secretaria estadual de Educação reconhece que estes funcionários de apoio custam mais caro se forem terceirizados - apesar de não ter divulgado quanto custam aos cofres os servidores concursados destas áreas. O subsecretário de Gestão de Ensino Antonio Neto acredita, no entanto, que vale mais a pena ter faxineiros, vigias e merendeiras contratados de empresas privadas.
- Estes funcionários não precisam ser de carreira pública. Dá para exigir das empresas um perfil específico para o que se espera. Ganha-se flexibilidade e rapidez. E eles não precisam ter uma base pedagógica, já que estes serviços são muito específicos - aponta o subsecretário.
A coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Beatriz Lugão, porém, discorda da visão do subsecretário:
- Qualquer um que trabalha dentro de uma escola precisa ter uma visão pedagógica. Merendeiras e vigias estão no pátio, no corredor e no refeitório o tempo todo, lidando com os alunos. Estes não devem ser serviços de alta rotatividade.
O presidente da Comissão de Educação da Alerj, deputado Comte Bittencourt (PPS), disse que vai entrar com representação no Ministério Público contra o estado, pela falta de concursos públicos para trabalhadores de apoio:
- O último concurso para pessoal de apoio foi em 1994. As últimas gestões têm uma visão de que estes profissionais não têm compromisso com o ambiente escolar.
O subsecretário, no entanto, rebateu as críticas:
- Uma merendeira só precisa manusear os alimentos. A maneira de se oferecer a comida deve ser vista pela diretora.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/07/19/terceirizados-nas-escolas-estaduais-do-rio-de-janeiro-custam-dobro-dos-concursados-924938323.asp#ixzz1SmNE9R2F
Seeduc inicia seleção de professores DOC I para contratos temporários:
As inscrições começam hoje (9/05) para contratação temporária de professores com atuação nos anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional de Nível Médio para o ano letivo de 2011, em cadastro reserva. Os docentes interessados têm do dia 9 ao dia 16 de maio para preencherem o formulário de inscrição no site da Seeduc (www.educacao.rj.gov.br). Os candidatos selecionados serão chamados pela Secretaria, por correspondência, conforme a ordem de classificação, de acordo com as necessidades identificadas.
FONTE: http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=452007
NA TERRA DAS OLIMPÍADAS E DA COPA,
SERVIDOR PÚBLICO É QUEM PAGA A CONTA!
O Governo do Estado do Rio de Janeiro tem feito de tudo para ter uma boa imagem durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Mas, para gastar dinheiro com esses grandes eventos, o governo economiza justamente no salário dos funcionários públicos e cortaverbas que deveriam financiar a cultura e a educação.
O problema é que a Copa e as Olimpíadas passarão rapidamente, mas os prejuízos causados por anos sem investimentos no salário dos servidores, na cultura e na educação poderão ser permanentes. Por isso, os professores, inspetores, cozinheiras e demais funcionários da educação estão em greve: anos sem reajuste, péssimas condições de trabalho, desrespeito completo enfim. Por isso pedimos seu apoio. SOS EDUCAÇÃO, por dignidade, respeito e salários dignos.
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO:
BAIXOS SALÁRIOS E MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO LEVARAM OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO À GREVE!
* Piso do Professor: R$ 610,38
* Piso do Funcionário: R$ 433,00
O governo estadual é o responsável pelo descumprimento do direito de todo cidadão a uma educação de qualidade, pública e gratuita:
* Em 2011, 2.376 professores abandonaram a rede.
* Turmas com mais de 45 alunos.
* Diminuição da carga horária de aulas.
* Penúltimo lugar no IDEB, na frente só do Piauí.
* Faltam professores, serventes, merendeiras e inspetores.
* Escolas sucateadas precisando de reforma urgentes, sem quadra, sem biblioteca, sem laboratório de informática e outros.
O QUE QUEREMOS:
* UM REAJUSTE EMERGENCIAL DE 26%; Baseado em estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que apontam o achatamento salarial dos profissionais da educação e também o aumento da arrecadação do estado, o Sepe quer do governo do Rio um "aumento emergencial" de 26%. "O próprio governador, quando assumiu, reconheceu que a categoria tinha uma perda salarial acumulada de 60%.
* A INCORPORAÇÃO IMEDIATA DA TOTALIDADE DA GRATIFICAÇÃO DO NOVA ESCOLA;
*REFORMAS URGENTES NAS ESCOLAS;REGULAMENTAÇÃO DOS ANIMADORES CULTURAIS;
* O DESCONGELAMENTO DO PLANO DE CARREIRA DOS FUNCIONÁRIOS;
* ELEIÇÃO DE DIRETORES; CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR E FUNCIONÁRIO;
* PARIDADE PARA OS APOSENTADOS;
* REVITALIZAÇÃO DO IASERJ;
Sócio de Picciani no mercado de gado domina venda de produtos de informática ao estado :
Os investimentos em equipamentos de informática do governo estadual estão concentrados em uma empresa: a Investiplan Computadores e Sistemas. Pequena fornecedora no início da década, a Investiplan teve empenhado (reservado para pagamento) pelo estado, no ano passado, um valor 8.181% maior do que há cinco anos. Em 2003, os empenhos foram de R$ 808 mil. Em 2008, alcançaram R$ 66,9 milhões. No comando da empresa está Paulo Trindade, que em 2005 iniciou-se no mercado de gado de elite, comprando animais do presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), que também é pecuarista. Os dois tornaram-se sócios na compra e venda de alguns touros e promovem leilões juntos.
A partir do final de 2007, a aplicação de recursos em tecnologia ganhou força no governo, especialmente no setor de educação. A Investiplan venceu os principais contratos através de disputa em pregão eletrônico, sendo que o maior deles foi a compra de 31 mil notebooks para os professores ao custo de R$ 58,9 milhões. A relação da Investiplan com o estado começou em 2001, em um contrato de fornecimento de computadores para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). De acordo com o órgão, a empresa "negligenciou a assistência técnica (...), gerando prejuízo ao bom andamento dos serviços". Por isso, segundo o órgão, ela foi punida em fevereiro de 2004 com uma multa de R$ 66,9 mil. Mas os contratos do governo estadual com a Investiplan não pararam de crescer.
fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/02/12/socio-de-picciani-no-mercado-de-gado-domina-venda-de-produtos-de-informatica-ao-estado-754390351.asp
Governo do Estado do Rio de Janeiro desperdiça dinheiro público em Escolas com computadores parados:
15Jun2011 Publicado por transparenciaeducacao.
O Estado do Rio de Janeiro demitiu mais de 1500 técnicos de informática no dia 07 de Junho de 2011, esses técnicos são chamados de Suporte técnico N1, e trabalham em unidades escolares do Estado do Rio de Janeiro.
Para quem não sabe, o Estado do Rio de Janeiro em 2009 implantou um projeto “inovador” na área de Educação, o Conexão Educação.
O projeto visa a instalação de computadores em sala de aula e o estreitamento da relação Aluno + pais + professores + direção + secretaria de educação, além de uma inclusão digital mais eficiente e ativa no cotidiano escolar, pois bem, deveria ser assim.
Em 2009 foram contratados 1 técnico N1 para cada unidade escolar do Governo do Estado do Estado do Rio de Janeiro, somente com a tarefa de prestar assistência técnica aos Pcs das Unidades Escolares num total de 1526 Escolas atualmente. Mas os N1 foram submetidos a fazerem trabalhos de secretaria, mandados para os Diretores, monitorarem os alunos no laboratório de informática, além de atenderem a todo pepino que aparecesse na unidade. Sim, eles lançavam notas e fazer todo cadastro, matricula e atualização de dados em um sistema totalmente mal programado e sem planejamento.
A Oi, empresa de telefonia, foi contratada para instalar a rede Wi-Fi nas unidades, onde nesse momento está com o contrato expirado e os aparelhos não podem ter reparo e apodrecem nas paredes das Unidades Escolares.
Fonte: http://transparenciaeducacao.blog.com/?p=27
AR CONDICIONADO:
Empresa recebeu R$ 18 milhões em 2010:
Para o projeto Climatizar, o estado contratou, através de pregão eletrônico, a Bello Rio Engenharia e Serviços, que ficou responsável pelo aluguel e manutenção dos aparelhos. Dados levantados pelo gabinete do deputado Comte Bittencourt (PPS), presidente da Comissão de Educação da Alerj, no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), revelam que a empresa recebeu do estado no ano passado R$ 18,1 milhões.
De acordo com a inspeção do TCE, o contrato com a Bello Rio previa o fornecimento de 2.044 aparelhos do tipo reversível, de 18 mil BTUs. Esse tipo de ar-condicionado deveria ter o selo A, seguindo o que determinava o edital. Mas o tribunal aponta a mudança para o D. Outro problema apontado pelo órgão é relativo à conservação. O voto pede explicações para o fato de "a empresa Bellorio não estar executando a rotina de manutenção prevista no Anexo IX do pregão eletrônico 012/2009, sem receber qualquer advertência por parte da Secretaria (de Educação)".
Outro indício de irregularidade levantado foi a "locação de ar-condicionados para o Programa Climatizar sem que as unidades escolares já estivessem em condições de utilizá-los, gerando prejuízo para o Estado". O voto foi dado em outubro do ano passado e o processo está em fase de defesa.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/02/23/tce-aponta-problemas-em-aluguel-de-ar-condicionado-calor-segue-em-escolas-estaduais-923870804.asp
13/07/2011: Após crise, Cabral dobra gastos com publicidade:
Diante da crise política e de imagem ligada a denúncias de proximidade excessiva a empresários com interesses no Estado - que o atingiram em junho -, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), mais que dobrou as verbas oficiais destinadas ao setor de publicidade e imprensa em 2011.
Em dois decretos publicados após as acusações, Cabral elevou de R$ 55,7 milhões para R$ 120,7 milhões a autorização para gastos com Serviços de Comunicação e Divulgação da Subsecretaria de Comunicação e Divulgação - elevação de 116,75%. Até ontem, foram empenhados R$ 75,6 milhões e liquidados R$ 67 milhões. O governo nega relação desse aumento com a crise.
Na sexta-feira, o governo deu início a uma forte campanha publicitária nas TVs abertas. Na segunda-feira, um filme de 60 segundos foi exibido num intervalo do Jornal Nacional, da Rede Globo, um dos mais caros espaços publicitários da TV no País.
O tema do encontro era segurança pública e pacificação de favelas - principal bandeira defendida por Cabral em sua campanha à reeleição, no ano passado.
Anúncios de páginas duplas foram publicados nas duas principais revistas de circulação nacional. De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio Guanabara, a campanha custará R$ 8 milhões e terá duração de seis semanas. Serão 120 inserções nas TVs abertas e a cabo, anúncios de página dupla nas revistas semanais e anúncios de meia página nos principais jornais fluminenses.
Defesa. Apesar de já programado, o Estado apurou que o lançamento da campanha foi antecipado, a fim de atenuar os efeitos negativos causados à imagem do governador fluminense, desde que se tornaram públicas suas relações pessoais com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e com Eike Batista, do grupo EBX.
No dia 17, o governador pegou emprestado um jato de Eike para participar da festa de aniversário de Cavendish, promovida em um resort de luxo na Bahia.
A queda de um helicóptero que servia a familiares do governador e do empreiteiro foi o estopim para a pior crise política já enfrentada pelo peemedebista ao expor a amizade entre os dois. A Delta recebeu mais de R$ 1 bilhão do governo durante a gestão Cabral - 20% com dispensa de licitação. O grupo EBX obteve R$ 79,2 milhões em benefícios fiscais.
O caso provocou protestos da oposição e uma investigação por parte do Ministério Público. Doze dias após o acidente, no ápice da crise política, Cabral assinou decreto destinando R$ 35 milhões extras à publicidade. Cinco dias depois, a rubrica recebeu mais R$ 30 milhões.
Outro lado. O secretário da Casa Civil, Regis Fichtner, negou que as suplementações em publicidade sejam uma reação à crise política enfrentada por Cabral. "Não se trata de reajuste nem tem a ver com período de crise. Se você olhar a evolução do orçamento nos quatro anos do primeiro governo, sempre a comunicação começou com um orçamento pequeno e foi sendo suplementado depois", argumentou Fichtner.
"O que guia nossos gastos em publicidade é o valor do nosso contrato, que é de R$ 150 milhões. Nossa média de gastos de publicidade tem se mantido estável", acrescentou.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110713/not_imp744248,0.php
Sérgio Cabral elevou de R$ 55,7 milhões para R$ 120,7 milhões a autorização para gastos com Serviços de Comunicação e Divulgação da Subsecretaria de Comunicação
Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/politica/noticias/apos-crise-cabral-dobra-gastos-com-publicidade
Depoimento de professora:
Há alguns dias, após uma matéria do RJTV sobre o boicote ao SAERJ, eu escrevi à Rede Globo o seguinte e-mail:
Prezados,
Sou professora da rede estadual de ensino. A pedido da coordenação da minha escola, eu fiz o gabarito da prova de Língua Portuguesa do 3º ano (modelo C1201). Considerei a prova muito ambígua e até mesmo perversa. As questões sobre o poema barroco (Anjo de duas faces) estão muito difíceis para os nossos alunos, são mais apropriadas a alunos do Curso de Letras.
Vejam uma delas sobre o poema de Affonso Ávila (questão nº 10):
Esse texto se estrutura a partir do uso de:
a) rimas alternadas
b) tercetos
c) versos alexandrinos
d) versos brancos
e) versos livres
Desde quando esse tipo de questão avalia a compreensão leitora do aluno? Eu não consigo perceber o que a Secretaria quer realmente avaliar quando elabora uma questão na qual o aluno tem que saber, por exemplo, o que é um verso alexandrino. Qual será a utilidade deste conhecimento no cotidiano dos nossos alunos? Nem o ENEM cobra isto! De que forma o fato de saber o que é um verso branco pode melhorar e/ou piorar o IDEB? Qual a relação?
Outra questão que refleti sobre: qual a fidedignidade destes resultados, se cada escola elabora um gabarito? Como confiar nos resultados?
Enfim, tudo isto me é uma estratégia rumo ao fracasso para que, mais uma vez, toda a culpa recaia sobre o professor. Perversidade pura da SEEDUC!!
Senhores, pelo amor de Deus! Informem-se sobre o que está realmente acontecendo na EDUCAÇÃO em nosso estado e façam JORNALISMO de verdade!
Carta de um Professor Estadual:
Meu nome é Hamilton Santos. Sou professor concursado pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro desde 2006.
Venho por meio desse texto, passar para o conhecimento da população carioca a situação dos professores estaduais.
Desde o dia 7/6, os professores em assembléia decidiram de maneira unânime entrarem greve. São65% dos professoresem greve. Nãoagüentamos mais. Estamos recebendo salário de fome. O professor ganha R$ 680,44 quando entra no estado.
Estamos lutando por dignidade salarial. Lutamos por nossas famílias, que estão passando necessidade. A educação pública pede socorro.
Nossas reinvindicações são:
-Aumento de 26% do nosso salário de fome.
-Incorporação imediata do Nova Escola.
-Descongelamento do plano de carreira.
Pedimos muito pouco em comparação com as somas financeiras bilionárias arrecadadas pelo estado.
Tenho mulher e criança para cuidar. Não consigo sustenta-los dignamente. Tenho que escolher que conta vou pagar. Não temos plano de saúde, pois nosso salário não consegue pagar um plano de saúde, fazer um óculos etc.
Quando chega por volta do dia 16 de cada mês, tenho que pagar empréstimo no banco, pois o salário já acabou. Sou professor, consciente do meu papel social, da importância da educação de qualidade. Somos educadores e estamos preparando o futuro do país.
Porém, atualmente precisamos trabalhar em três ou quatro escolas para tentar garantir um salário insuficiente.
Temos que trabalhar manhã, tarde e noite. Quando chegamos em casa, ainda temos que preparar aulas do dia seguinte. Chegamos na sala de aula cansados, despreparados e impacientes.
Cinco professores por dia abandonam a educação pública no Rio de Janeiro. Faltam professores de todas as disciplinas para os nossos alunos. Cadê o dinheiro arrecadado pelo estado?
O pior é que o governo estadual entope salas de aula de alunos, como se fossem depósitos humanos. Turmas com40 a45 alunos em salas minúsculas. Termina o ano letivo e você não consegue nem conhecer a vida, a história de vida do seu aluno.
Somos obrigados a lançar notas dos alunos pela internet, fazendo trabalho de secretaria, pois o governo não chama funcionários para desempenharem essas funções e o professor além de tudo o que ele precisa fazer para sobreviver, ainda é obrigado a trabalhar fazendo trabalho de secretaria.
Por que a educação está nessa situação ? O Rio de Janeiro é o segundo estado em investimentos federais, é o segundo em arrecadação de impostos. Nosso estado produz 80% do petróleo nacional na Bacia de Campos. Para onde vai tanto dinheiro ?
É claro que pode ser pago um salário digno para os professores e bombeiros. Porém, fica impossível quando o dinheiro evapora misteriosamente.São muitas empresas terceirizadas. Aluguéis até de ar condicionados. Quais são esses contratos e licitações? Quem é privilegiado por essas negociações ? É muito dinheiro evaporando.
Cada dia que ligamos nossas televisões são noticiados novos escândalos de corrupção protagonizados pelo governo do Estado.
Por esses inúmeros motivos os professores estão em greve há 36 dias.
Estamos lutando por dignidade salarial, por educação de qualidade para as crianças filhas de trabalhadores que não tem condições de pagar uma escola particular, por respeito ao dinheiro público, por respeito à população carioca.
A juíza da 3ª Vara deu ganho de causa na justiça para os professores.
Estamos realizando inúmeras passeatas no centro do Rio de Janeiro e nos municípios. Estamos sendo apoiados por alguns deputados estaduais preocupados com a situação da educação pública no Rio de Janeiro.
O apoio mais importante está sendo dado pela população carioca. Estão nos apoiando o tempo todo. Agradecemos ao povo, pois sem vocês não conseguiríamos lutar para melhorar a situação da educação pública.Obrigado, jamais esqueceremos o apoio do povo carioca.
No dia 5/7 houve uma passeata pacífica e ordeira até o Palácio Guanabara, residência do governador. Ele não nos recebeu. Colocou a tropa de choque em cima para tomar conta de professores como se fossemos bandidos.Toda passeata nossa acontece isso.
No dia 12/7, ocupamos o prédio da Secretaria Estadual de Educação para chamar a atenção dos meios de comunicação e da população carioca para a situação de desespero e do mistério do sumiço de grandes somas de dinheiro público que deveria ser destinado a educação estadual. Porém, ao entrarmos de maneira pacífica e cuidando para que o patrimônio fosse preservado, o governador do Estado mandou a tropa de choque bater nos professores e jogar gás de pimenta.
Entre os professores haviam mulheres, idosas e crianças. Jogaram gás de pimenta sobre os professores, uma professora sexagenária não agüentou e desmaiou. Soltaram gás de pimenta ao nosso lado, gerando crises respiratórias nos professores.
Fato lamentável, pois são os professores estaduais que educam os filhos das pessoas pobres e os policiais militares não podem esquecer que ganham mal e são pobres. Nós professores estaduais educamos os filhos dos policiais e eles a mandam do governados nos agridem. Agressão a professor é inaceitável.
Porém, cassetetes e gás de pimenta não são o suficiente para parar os professores. Mesmo com essa atitude lamentável do governador e da tropa de choque, ficamos na frente da Secretaria Estadual de Educação cantando e comemorando a força da nossa mobilização. Gostei de ver, professoras de idade avançada ficando ali até a noite. Filhos de professores ali com a gente. O secretario de educação estava reunido com uma comissão dos professores, enquanto estávamos cantando em frente à secretaria. Tinham por volta de 2000 professores no evento, contando com seus familiares. Fato que só aumentou a irresponsabilidade da tropa de choque e do governador Cabral.
Nosso ato terminou por volta das 20:30 e logo em seguida foi montado um acampamento de professores ali e estaremos acampados até o Sérgio Cabral conceder aumento salarial para os professores.
O apoio que os alunos estão dando é fundamental. Muitos alunos apareceram na ocupação da Secretaria Estadual de Educação para apoiar o movimento dos professores.
País que não investe em educação é país atrasado e subdesenvolvido.
Essa é a melhor lição que eu posso ensinar para os meus alunos, aprender a lutar pelo o que é certo, a ser honesto e ser bem remunerado quando se estuda. Essa greve é a melhor aula que estou dando para os meus alunos.
Todo apoio à greve de fome dos bombeiros. Juntos somos fortes!
Venceremos.
Transcrito do site da ANF - Agência de Notícias das Favelas (www.anf.org.br)
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